UMA FAMÍLIA, AMOR PLURAL

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Desculpe, mas eu vou chorar.

Eu chorei em Buenos Aires quando pedi pro meu marido fazer uma foto minha num café que eu sempre quis ir. Ele não enquadrou, nem focou do jeito que eu queira, cai no choro.
Eu choro quando minha voz não sai no meio do caos de uma casa comandada por mim.
Eu choro por não saber falar não, e choro quando me dizem não.
Choro quando me sinto sozinha ao perceber que as pessoas " escutam" minhas fotos, e não o que eu falo, talvez por isso eu me expresse mais com a fotografia do que com diálogos, e se tudo continuar assim, até 2020 esterei muda.
Choro por decepções com grandes amigas que hoje são só passado.
Choro quando estou cansada, choro quando percebo que vou explodir de dor de cabeça.
65% do meu corpo é água, por isso transbordo tanto.
Sou uma pessoa que muda de humor e essa mudança é irreversível pelo período de pelo menos 12h.
Não costumo esquecer quando jogam na minha cara meus defeitos, e passo o dia tentando provar pra mim mesma que não sou nada disso.
Se chorar me faz infantil, se chorar me faz mimada, bem que eu gostaria que isso tudo fosse verdade.
Eu nasci protagonista de um filme tipo "Bridget Jones", onde eu passarei meu filme inteiro cuidando de todo mundo e quando surge uma gripe ou uma dor de garganta eu não terei aquele dia livre pra cuidar de mim, ou pra cuidarem de mim.
Passarei o filme inteiro esperando um golpe de sorte, já que trabalhar que nem uma condenada só tem me feito "trabalhar como uma condenada".
Passarei o filme inteiro sobrevivendo e lutando para que minha voz e ideias ecoem nesse mundo(ou nessa casa), com meu jeito e nome de atriz mexicana dramática, que grita muito e que sente demais.
Não se iluda com as minhas fotos solares, eu costumo ser neblina na maior parte do tempo.




6 comentários on "Desculpe, mas eu vou chorar."
  1. UAU!
    Gosto de textos assim, porque me vejo tanto! A gente retrata nas fotos luz, momentos felizes, boas recordações...mas por trás de toda foto tem uma pessoa, sentimentos aflorados, vazio, silêncio e dor também.
    Maria, admiro muito você. Suas verdades. Sua transparência!
    Sigo crendo que existem pessoas tão especiais e raras por isso sentem tanto, cuidam tanto e muitas vezes não sobra para os outros fazerem o mesmo. Fazer tanto as vezes não dá espaço para que o outro faça. Sofro desse bem...ou mal. hahaha
    Continue chorando!
    Porque nesse mundo cada vez mais frio, sorte de quem sente tanto.
    Um abraço carinhoso!

    ResponderExcluir
  2. Querida, lindo texto. Na neblina olhamos para dentro e é importante aceitar luz e sombra. E que bom que você tem a fotografia e sua escrita para liberar o que fica engasgado. Beijos linda!

    ResponderExcluir
  3. Querida, lindo texto. Na neblina olhamos para dentro e é importante aceitar luz e sombra. E que bom que você tem a fotografia e sua escrita para liberar o que fica engasgado. Beijos linda!

    ResponderExcluir
  4. Hoje descobri que tu tens um blog, depois de assistir diversas vezes o vídeo dos pezinhos dançantes da tua menina. Que bom poder escutar tuas palavras e não somente tuas imagens.

    ResponderExcluir
  5. Ai, nem sei o que dizer! Eu sou chorona mas não pelas razões óbvias, sabe? Eu choro por comercial, por cena de tv, quando não entendo uma situação ou me sinto injustiçada... ou seja, eu choro MUITO! Rs!

    http://belsantanna.com/

    ResponderExcluir
  6. Texto lindo, por vezes me vi em muitos trechos dele!

    Bjux, Jell

    ResponderExcluir